23 de maio de 2018
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Propaganda de alimentos não saudáveis na televisão pode elevar o consumo de calorias entre os jovens

A cidade de Viena, na Áustria, sedia esta semana o Congresso Europeu sobre Obesidade (ECO2018). O evento apresentará as mais recentes pesquisas, abordagens clínicas e perspectivas sobre a obesidade em diversas áreas, de hoje até 26 de maio. Um dos destaques do evento será a apresentação do estudo 10 Years On: New evidence on TV marketing and junk food eating amongst 11-19 year olds 10 years after broadcast regulations.

Finalizado em janeiro, o trabalho teve o objetivo de avaliar se a regulamentação vigente no Reino Unido sobre a publicidade de alimentos considerados junk food na televisão ainda cumpre o seu propósito.

Segundo os pesquisadores, as regras foram instituídas em 2008 e, desde então, jamais foram atualizadas. Nestes dez anos, não levaram em consideração as mudanças dos hábitos dos jovens ocorridas no período.

Nesta última década, os adolescentes passaram a gastar mais tempo em frente a tela da televisão, computador ou celular do que em qualquer outra atividade além de dormir. Por este motivo, restringir de forma eficiente a exposição a anúncios destes alimentos, ricos em açúcar, gorduras ou sal, tanto na internet como na televisão, é fundamental para ajudar os adolescentes a fazerem escolhas saudáveis e reduzir as taxas de obesidade.

 

O marketing da junk food

O estudo foi realizado com jovens entre 11 e 19 anos residentes no Reino Unido, levando em conta idade, hábitos alimentares, peso, exposição à publicidade e tempo gasto em frente à televisão e computador. Foram analisados, a partir destas informações, o impacto do marketing da junk food nestes jovens e se os novos hábitos adquiridos nos últimos anos, especialmente relacionados à internet, precisam ser considerados.

Participaram 3.348 jovens divididos entre obesos, com sobrepeso ou peso saudável. No geral, os participantes lembravam de ter assistido, em média, seis anúncios na televisão de alimentos ricos em gordura, açúcar ou sal no período de uma semana. No entanto, a média entre os participantes obesos era de sete anúncios. Este grupo foi, também, o que apresentou as dietas menos saudáveis.

O entretenimento foi o gênero de TV mais frequentemente associado ao marketing de junk food, apontado por 37% dos jovens. Outros programas citados foram reality shows (23%), esportes (18%) e programas matutinos (18%).

Os participantes obesos registraram, em média, 26 horas semanais em frente à tela, o que foi significativamente superior ao registrado entre os indivíduos com excesso de peso (21 horas) e peso saudável (20 horas).

Isso estabelece que os adolescentes obesos assistem mais televisão e, assim, provavelmente veem mais anúncios.

Ainda no estudo, os jovens registraram consumir apenas 16 porções de frutas ou legumes por semana, contra os cerca de 30 alimentos ricos em gordura, açúcar ou sal.

 

Publicidade proibida

De acordo com o professor Jason Halford, chefe do Departamento de Psicologia da Universidade de Liverpool, no Reino Unido, que assina o prefácio do estudo, os resultados confirmam que realmente existe associação entre a propaganda e o consumo de junk food, e que a televisão pode estar colaborando para que a juventude do Reino Unido sofra cada vez mais com a epidemia da obesidade.

Segundo o Prof. Halford, é preciso que esta regulamentação seja atualizada rapidamente para que possa acompanhar as mudanças de hábitos ocorridas na última década. O horário entre 19h e 20h, por exemplo, que não tem restrições a estes anúncios na regulamentação atual, é repleto de programas para o entretenimento familiar, reunindo telespectadores de todas as idades.

Os pesquisadores estão convencidos de que a indústria alimentícia não investiria centenas de milhões para anunciar seus produtos com propagandas cativantes se não estivessem fazendo com que as pessoas comessem mais.

Estes dados reforçam as campanhas que vêm sendo promovidas no mundo inteiro, e também no Reino Unido, pela proibição da publicidade de alimentos considerados junk food dirigidas a crianças e jovens, por contribuírem para um aumento de peso nocivo em longo prazo.

 

Restrição de anúncios

Restringir os anúncios de alimentos tidos como junk food, ricos em açúcar, gordura e sal, não é suficiente para combater a obesidade infantil, portanto outras medidas devem ser aliadas à esta regulamentação.

Mas esta medida certamente é necessária e evidencia um caminho para a política do governo de interferir positivamente nas escolhas alimentares e no auxílio ao controle do peso das crianças.

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