19 de setembro de 2017
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O IMC é mesmo o melhor marcador para o diagnóstico de obesidade infantil? Debate divide opiniões

O tema foi discutido durante a Conferência Nacional da Academia Americana de Pediatria (AAP)

Encerrada em 19 de setembro, em Chicago, a Conferência Nacional da Academia Americana de Pediatria promoveu, ao longo de quatro dias, mais de 350 atividades científicas, incluindo debates, workshops e exposições. Um dos destaques do evento foi a sessão de ponto e contraponto protagonizada pelos doutores Stephen Cook, professor associado de pediatria da Universidade de Rochester, em Nova Iorque, e Joseph Thompson, presidente e CEO do Arkansas Center for Health Improvement e professor da Faculdade de Medicina e Saúde Pública de Little Rock, também no estado de Arkansas.

O debate, seguido de discussão com o público, foi iniciado com a apresentação da importância do índice de massa corporal (IMC) como indicador tanto individual, como também no conjunto de uma população. Em seguida, foram descritas as principais falhas e consequentes riscos de sua utilização.

Especialistas do mundo inteiro vêm se baseando no IMC para determinar a obesidade infantil, mas ainda há uma série de desvantagens para este tipo de rastreio.

No debate, Thompson e Cook buscaram, juntos, determinar a melhor forma de utilizar o IMC como um método para examinar as crianças por obesidade, com atenção especial à recente atualização da recomendação da U.S. Preventive Services Task Force (USPSTF) para diagnóstico da obesidade em crianças e adolescentes.

Thompson, encarregado no debate de defender o indicador, falou sobre a grande utilização, ainda hoje, do IMC como ferramenta de triagem para todas as crianças nos Estados Unidos, mas reconheceu que há limitações importantes. Destacou, por exemplo, que a suspeita de obesidade infantil – qualquer que seja o método utilizado – não pode ser decisiva na determinação do estado de saúde desta criança.

O especialista revelou que sua posição está baseada nos 10 anos nos quais atuou supervisionando um programa realizado em escolas do Arkansas, nos Estados Unidos. Neste período, as crianças foram avaliadas por meio de seu IMC para a elaboração de um relatório de saúde, que era então enviado aos seus pais.

Com os resultados obtidos nesta experiência, o pediatra se mostra otimista e afirma acreditar que a batalha contra a obesidade será conquistada nas comunidades, famílias e escolas.

Do outro lado, fazendo o contraponto, Cook apontou que as escalas de IMC, ou escore-z, são um indicador de adiposidade fraco. Segundo o especialista, isso ocorre pela falta de consenso sobre qual a quantidade ideal de gordura corporal em uma criança e sobre outros pontos importantes que devem ser observados em conjunto. Cook também alertou para o fato do IMC e das definições de sobrepeso confundirem muitos pais, que precisam fazer parte desta discussão.

O pediatra comparou que definir toda criança com IMC alto como obesa ou com sobrepeso seria o mesmo que dizer a todo paciente portador de um tumor que ele tem câncer.

Por fim, Cook recomenda que o método utilizado seja aperfeiçoado, de modo a ser melhor compreendido pelos pais, que têm dificuldade inclusive para interpretar as curvas de crescimento.

Cook e Thompson também abordaram os principais equívocos na utilização do indicador. Para Cook, relacionar o alto IMC e alto índice de gordura corporal à obesidade é, provavelmente, um desserviço. Afirmou que é desanimador verificar a obesidade continuamente listada como uma condição de estilo de vida, pois não se trata de um fenótipo.

Thompson acrescentou que há que se considerar que uma parcela destas crianças, a obesidade é um marcador para uma condição subjacente, sendo, portanto, um indicador para que outras questões sejam verificadas. No entanto, muitos profissionais hoje em dia não seguem esta busca, considerando a obesidade o diagnóstico final.

U.S. Preventive Services Task Force (USPSTF)

A U.S. Preventive Services Task Force (USPSTF) publicou em junho deste ano, no JAMA, uma atualização para o rastreamento da obesidade infantil em crianças e adolescentes nos Estados Unidos. O artigo Screening for Obesity in Children and Adolescents (http://jamanetwork.com/journals/jama/fullarticle/2632511) atualiza a recomendação anterior, de 2010, e sugere que todas as crianças com 6 anos de idade ou mais no país devem ser avaliadas para o diagnóstico de obesidade por profissionais de saúde.

Segundo a publicação, após triagem por meio do IMC, as crianças identificadas com sobrepeso ou obesidade devem ser encaminhadas para uma intervenção comportamental abrangente e intensiva para controle de peso.

A intervenção deve ser realizada por uma equipe multidisciplinar, incluindo sessões individuais, ou em grupo, de aconselhamento alimentar, treinamento de automonitoramento e sessões de atividade física supervisionada, entre outros. A Força-Tarefa também oferece intervenção comportamental com o objetivo de reduzir o tempo das crianças em frente à televisão, computador ou games, especificamente entre os jovens de 13 anos ou menos.

Informações do MedPage Today

Imagem: Pixabay

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