12 de março de 2018
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Estudo avalia relação do estresse com a alta ingestão calórica entre estudantes de medicina

Um estudo realizado com estudantes de medicina da Universidade Peruana de Ciências Aplicadas (UPC), em Lima, no Peru, avaliou a relação entre estresse e a escolha de alimentos menos saudáveis. Após analisar ​​dados de 523 alunos divididos em grupos de alto, médio e baixo nível de estresse, concluiu-se que os integrantes do grupo de maior nível de estresse foram associados com maior ingestão de gordura.

O estudo utilizou o autorrelato por meio de questionários preenchidos pelos estudantes fornecendo informações sobre a ingestão de gordura e níveis de estresse. Os questionários continham 15 perguntas sobre hábitos alimentares e a relação de alimentos com alto teor de gordura ingeridos. Algumas questões avaliaram a percepção de estresse durante o mês anterior.

Outras variáveis ​​incluídas na análise foram gênero, idade, local de nascimento, ano de estudo (primeiro, segundo ou terceiro), vivendo sozinho (não/sim) e a presença de sintomas depressivos.

Dos alunos avaliados, 52% eram do sexo feminino, com idade média de 19 anos.

Resultados

A prevalência de alta ingestão de gordura foi de 42,4%, e 30,4% relataram ter uma ingestão de gordura muito alta. A ingestão elevada de gordura foi mais frequente entre os homens (47,4%) do que nas mulheres (37,9%) e maior entre os indivíduos mais jovens (62,9%) do que nos de mais idade (37,9%). A proporção de indivíduos que relataram alta ingestão de gordura foi maior entre os que apresentaram maior estresse (53,2%) em relação aos de estresse médio (46,3%) ou menor estresse (28%).

No estudo, também verificou-se que 45% dos estudantes consumiram fast food duas vezes por semana e 35% usam óleos para cozinhar na maioria das vezes.

É importante destacar que não foram avaliados o índice de massa corporal (IMC) ou qualquer outro marcador relacionado à obesidade ou à prática de atividade física durante o estudo. Também não foram incluídos status socioeconômico, nem informações sobre o nível de educação dos pais, ingestão de outros alimentos e perfil lipídico (colesterol e triglicérides).

O estresse

O estresse incorpora uma série de processos fisiológicos e comportamentais, que ocorrem quando há uma ameaça real ou suspeita, podendo estar relacionado às pressões do trabalho, família e outras responsabilidades diárias, afetando diversos aspectos da vida.

Entrar na faculdade ou na universidade pode ser um evento emocionante, ainda que estressante, para muitos jovens. A partir deste momento, é necessário adaptar-se às mudanças da rotina acadêmica, especialmente em áreas como a medicina.

Uma revisão sistemática anterior já havia relatado altos níveis de angústia psicológica entre os estudantes de medicina em comparação com a população em geral de mesma faixa etária. Diversos fatores são considerados as principais causas deste aumento do estresse nestes jovens, entre elas a pressão do curso, aumento da carga de trabalho, privação de sono e, inclusive, as mudanças nos padrões de alimentação.

A dieta e a nutrição são fatores importantes para a promoção e manutenção de uma boa saúde durante todo o curso da vida. Deficiências nutricionais podem contribuir com estilos de vida pouco saudáveis. Representam, também, fator de risco importante para diversas doenças crônicas.

A adoção de dietas ricas em gordura, especialmente aquelas excessivamente calóricas, bem como os baixos níveis de atividade física, aumentam o risco de obesidade e o desenvolvimento de doenças crônicas, incluindo diabetes e hipertensão.

Outros estudos

Estudos recentes relataram que o estresse aumenta os níveis de cortisol, induzindo a um aumento na ingestão de alimentos ricos em gordura para controlar o estresse. Um dos estudos, usando modelos animais, encontrou propriedades de recompensa em alimentos doces e palatáveis, aliviando o estresse. Há, ainda, o fato de que a privação da gordura dietética após ingestão prolongada possa contribuir para o aumento do estresse.

Um estudo prévio envolvendo 40 mulheres concluiu que as participantes com maior nível de estresse preferiam alimentos doces e com alto teor de gordura quando comparadas àquelas com baixo estresse.

Alguns estudos mostraram a associação entre o estresse e as escolhas de alimentos pouco saudáveis ​​entre os jovens. Os lanches entre as refeições, por exemplo, aumentam para 73% dos entrevistados por conta do estresse.

Outro estudo, realizado com estudantes britânicos de primeiro ano de medicina, avaliou a influência do estresse no ganho de peso. Cerca de 55% dos alunos relataram um aumento significativo de peso (1,5 kg em média).

Conclusão

As taxas de obesidade aumentaram acentuadamente nos últimos 20 anos, especialmente entre os jovens adultos. Assim, o objetivo deste estudo, segundo os pesquisadores, era determinar se há relação entre os níveis de estresse e a ingestão de gordura, por meio dos estudantes de medicina de graduação, e assim verificar novas estratégias para tentar reverter esta situação.

Por meio destes resultados, os pesquisadores acreditam que aumentar a conscientização dos alunos sobre as potenciais consequências das dietas ricas em gordura poderia ser um caminho.

No caso específico desta população jovem, estas informações e outras estratégias de comunicação sobre os benefícios da alimentação saudável e da atividade física poderiam utilizar SMS ou outros recursos de smartphones. Também sugerem reduzir a oferta de alimentos ricos em gordura aos alunos, especialmente no interior das universidades, onde permanecem por várias horas.

Acesse o estudo

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