11 de setembro de 2008
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Anemia e Obesidade: um paradoxo


Por Beth Santos
11 de setembro de 2008


Publicado recentemente na revista Cadernos de Saúde Pública, o estudo “Anemia e Obesidade: um paradoxo da transição nutricional brasileira” revela a prevalência crescente tanto de anemias como de obesidade no país. A partir da análise de trabalhos realizados nas últimas três décadas, a pesquisa concluiu que a tendência estaria associada a mudanças nos hábitos alimentares.

O estudo analisou 28 trabalhos publicados sobre anemia em crianças e mulheres em idade reprodutiva. Para a análise do sobrepeso e da obesidade o trabalho avaliou o Índice de Massa Corporal (IMC). A metodologia levou em conta critérios recomendados pela Organização Mundial de Saúde OMS).

Segundo os pesquisadores da UFPE, do Instituto Materno Infantil Professor Fernando Figueira (IMIP) e do Centro de Pesquisas da Fundação Oswaldo Cruz, em Recife, PE, a idéia foi juntar os dados em ordem cronológica desde 1974 para verificar se eles apontariam uma tendência. Entre os trabalhos analisados, três foram feitos com a mesma população, em momentos diferentes, revelando-se mais adequados a análises de tendências temporais. Os resultados revelaram que, a cada década, a desnutrição regrediu e a obesidade evoluiu.

Mudanças no Padrão Nutricional
Contudo, a nova pesquisa aponta as anemias como “um problema em ascensão”, embora o Brasil esteja superando o problema da fome. Segundo o pesquisador do IMIP, Malaquias Batista Filho, o problema da anemia não é exclusividade dos países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento. A Europa, por exemplo, tinha, há uma década, cerca de 20 milhões de pessoas anêmicas.

O aumento do sobrepeso e da obesidade, segundo a nova pesquisa, é resultado das grandes mudanças na situação nutricional da população adulta brasileira. A partir de 1989, a obesidade triplicou em homens, passando de 2,8% para 8,8%. Inicialmente três vezes maior do que em homens, a ocorrência de obesidade entre as mulheres manteve-se em torno de 13% nas avaliações realizadas em 1989 e 2003. Neste período, a prevalência de normalidade antropométrica – que era de 71,4% entre os homens em 1974 – caiu para 47,4% na última avaliação. Entre as mulheres, declinou de 53,4% para 42,7%.

Segundo o pesquisador Batista Filho, do IMIP, o novo padrão nutricional está gerando “a necessidade de se avançar para além dos problemas relacionados à fome. Temos que pensar nos aspectos qualitativos da alimentação e não simplesmente compensá-la com calorias. Alimentação saudável não se limita ao problema da fome, mas tem relação com vários outros aspectos nutricionais e de saúde”, comentou.


 

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